quinta-feira, 10 de julho de 2008

Alguns são mais iguais que outros


De entre frases mais sábias que foram escritas no âmbito da sátira política e crítica de costumes, destaca-se esta pérola de George Orwell: "Todos os animais nascem iguais... mas alguns são mais iguais do que outros".

Ao ver esta imagem, ao ler o artigo do DN, irresistívelmente, começou a ressoar nos meus tímpanos o título da obra... as frases marcantes... a saga demente de "Napoleão" à conquista do poder na "Animal Farm".

Ao ver esta imagem tão animada, tão sã de convivência, tão bem-disposta quanto a jantarada que ontem tive... e ao ler o dissonante conteúdo que se lhe associava, lá ficou estampado o título da obra de Orwell, um dos poucos que fica melhor em português do que no original: esta imagem servia de capa a uma edição de "O TRIUNFO DOS PORCOS".

Ao olhar para ela, e ao saber do que se tratava, sem que pudesse evitar, o nariz de Bush se arreganhou num focinho, as pernas de Gordon Brown em presuntos se transformaram, e até mesmo o Sarkozy, que de roliço não tem nada, inchou e assumiu uns dotes de leitãozinho.
Curioso... não notei que o Berlusconi tivesse mudado... deve ser do hábito.

Não é que ache mal gastar 300 Euros por cabeça num jantar do G8. Para o nível habitual nestas coisas de jantar de gala até está dentro da média. A sério.
Não é que ache assim tão reprovável quanto a imprensa escarrapacha, os cinco vinhos "Chateau-de-la-Trop-Cher-Chose" que cada um beberricou.
Acho é que é uma alegoria perfeita para com aquilo que se passa no final do livro: olhamos de homem para porco, de porco para homem, e já não percebemos a diferença.

Acima de tudo o que eu queria era o seguinte: que fizessem menos alarde de que estavam ali para combater a fome e o aumento do preço dos alimentos, que falassem menos sobre o aumento dos preços do petróleo, que dissessem que se estão a cagar para o sufoco da classe média, até podiam declarar formalmente que aquela coisa com porrada, corrupção e SIDA que o Mugabe governa podia continuar nesse estado mais uns anos que não é problema dos brancos...
...não me importava...

...desde que fizessem a cimeira dos G8 numa tenda no Darfur.
...isso é que era, hã?


2 comentários:

Anónimo disse...

É triste, sim... É por essas e por outras que cada vez acho mais ridículo deixar todas as decisões nas mãos de algumas pessoas. Fazer por nós... é melhor.

Não estou a falar de pegarmos em foices e sairmos à rua à catanada a tudo o que achamos de mal no mundo: primeiro porque seria estúpido, segundo porque o Cláudio Ramos passaria um mau bocado (especialmente depois das fotos "sem roupa" que sairam nas revistas... CA GANDA CONTRACEPTIVO!!). Mas fazer por nós aquilo que está ao nosso alcance.

E sim, sei que é utópico pensar desta maneira... mas ao longo da história homens e mulheres chamaram de utopia tantas coisas que agora temos como reais, que penso sempre: porque não tentar? Reciclar, poupar, poluir menos ou tentar, informar, voluntariar, partilhar, ajudar, dar, contribuir e, sobretudo, pensar. Não há diferença entre reciclar 1 lata ou 10.000: há diferença entre reciclar ou não fazer nenhum.

Em última análise, esta malta ganha os louros e diz "Viram? Viram? Somos tão bons, nós!" Sinceramente, quero lá saber: eles que fiquem com os louros (ouvi dizer que servem para temperar bifes) que eu fico aqui no meu cantinho, contente por o ter por mais um tempo... seja isso onde for.

Anónimo disse...

O comentário escrito anteriormente foi depois do Optimus Alive.... estou cansada e com sono.... Se calhar não faz sentido o que escrevi e por isso peço a vossa compreensão e desconto